terça-feira, 26 de julho de 2011

Plano de aula: brincadeiras da tradição cultural

24/5/2011
Área: Notícias Editora


Fonte -  Editora  FTD

Texto por Renata Alessandra Bueno
Coordenadora de Assessoria Pedagógica do FTD Sistema de Ensino


(Trabalho realizado com turmas educação infantil com o objetivo de as crianças vivenciarem e conhecerem brincadeiras que atualmente não fazem parte do cotidiano infantil.)

A brincadeira deve ter espaço privilegiado na rotina da Educação Infantil, não são como atividade natural e espontânea, originada na própria essência da criança, mas, principalmente, como aprendizagem social.

A incorporação da brincadeira na prática educativa como um dos eixos da organização do trabalho pedagógico, apresenta-se como atividade fundamental, por meio da qual as crianças reconstroem suas vivências sócio culturais e refletem criticamente sobre a realidade, ampliando seus conhecimentos sobre si e sobre o mundo ao seu redor.

O domí­nio do meio fí­sico e social implica que a criança a desenvolva a capacidade de observar, de distinguir os seres vivos dos seres não-vivos, de fazer perguntas e descobrir relações temporais, espaciais e sociais. A ação pedagógica, nesse caso, visa aproxima¡-la de uma atitude científica, tornando-a capaz de perceber como se dá  a relação do homem com a natureza, do homem com o próprio homem e o processo de transformação do mundo.

Nesse sentido, o trabalho a seguirserá voltado para a ampliação das experiêcias da criança e para o conhecimento da pluralidade de fenômenos e acontecimentos - mais particularmente os históricos e culturais. Para isso, exploram-se situações que mostrem a diversidade de formas de explicar e representar o mundo, entrando em contato com a brincadeira em uma época e num contexto tão distantes e diferentes dos atuais, mas também com muito em comum, pois foi possí­vel não só estabelecer semelhanças e diferenças, mas também em perceber as permanencias e as mudanças.

Brincando as crianças representam diferentes papéis, ocupam posições diferenciadas nas relações de poder (ora mãe/pai, ora filho/filha, ora professor, ora aluno), transformam os significados dos objetos, atribuindo-lhes novos nomes e funções, aprendem a lidar com os objetos e as situações no plano mental, introduzindo-se no plano das idéias  e represencões.

Além disso, a brincadeira também é  meio de preservação das tradições culturais de uma sociedade.

Com esse enfoque, desenvolvemos uma estratégia para propiciar a vivência de brincadeiras que dependem principalmente de tradição oral para serem aprendidas. O ponto de partida foi a leitura do quadro eJogos Infantis de Pieter Brueghel , em que são representadas cerca de 84 brincadeiras, algumas conhecidas e outras desconhecidas desta geração. A tela de Brueghel foi projetada na parede, despertando a curiosidade das crianças. Lançado o desafio para encontrar e nomear 25 brincadeiras representadas na tela, as crianças realizaram a leitura da obra, observando, narrando as situações representadas, descrevendo as ações e interpretando as imagens e os objetos. Com isso, foi possível não só apreciar uma obra de arte, mas também estabelecer relações entre as situações representadas e as experiências pessoais vividas. Assim, a turma destacou as brincadeiras que conhecia, como cinco-marias, pula-sela, pega-pega. Outras foram identificadas, mas não nomeadas, por desconhecimento.

A partir desse momento em classe, as crianças levaram cópias da tela, impressas em papel, para casa no final de semana, com o intuito de conseguir o nome de outras brincadeiras representadas na tela, pedindo a colaboração dos pais, tios e avós.

Ao retornarem na semana seguinte, trouxeram contribuições sobre brincadeiras que foram reconhecidas por pessoas mais velhas, como a maria-cadeira (ou cadeirinha), cabo-de-guerra (ou vilão do cabo), cabra-cega e boca-de-forno (ou mamãe-polenta).

Surgiu então outro problema: como brincar dessas brincadeiras se não as conhecemos? A soluçãoo partiu das pró³prias crianças: convidar os familiares que reconheceram as brincadeiras para ensina-las na escola.

Assim, partimos para outro momento importante, de resgate da cultura e também interação social, recebendo os familiares, tios, avós, avôs, tias, mães e pais que ensinaram brincadeiras de sua época, mas que podem ser divertidas também nos dias de hoje.

Outras brincadeiras não identificadas por familiares foram foco de pesquisa em situações de leitura e também por meio do computador. A proposta se constituiu em momento rico de formação global, pois ao organizar suas brincadeiras, as crianças fizeram escolhas, negociaram suas ações, planejaram as situações, estabeleceram regras e submeteram-se a elas ou as negociaram e as reconstruíram.


Plano de aula

Objetivo: que as crianças vivenciem brincadeiras tradicionais que atualmente não fazem parte do cotidiano infantil, com a finalidade de ampliar seus conhecimentos relacionados as brincadeiras de outras épocas.

Procedimentos:
1º momento: Leitura de imagem (obra Jogos Infantis de Brueghel)
2º momento: Relacionar as brincadeiras identificadas pela turma
3º momento: Realizar as brincadeiras identificadas na tela
4º momento: Enviar para casa cópia da tela para receber contribuições dos familiares
5º momento: coleta e tabulações das informações trazidas de casa, ampliando a lista de brincadeiras identificadas
6º momento: Pesquisar sobre brincadeiras desconhecidas
7º momento: Convidar familiares que possam ensinar brincadeiras desconhecidas, representadas e identificadas na tela de Brueghel.


* Imagem: Pieter Brueghel – Jogos Infantis, 1560.
Óleo sobre painel de madeira, 118 x 160,9 cm. Museu de História da Arte, Viena

Pieter Brueghel nasceu em meados de 1527, na região de Antuérpia. Destacou-se por pintar paisagens e retratar o cotidiano das pessoas simples do campo, o trabalho na colheita, as festas... sempre cheios de detalhes e instigando uma reflexão.
Na tela não há menos que 84 brincadeiras. Algumas delas não existem mais, foram apagadas da memória. Outras existem até hoje, com inúmeras variações.

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