João Amós Comênio




A educação da juventude se processará facilmente se começar cedo,antes da corrupção das inteligências.

João Amós Comênio

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Para ensinar a ler*


                                 Rosana Soligo
                                                 
Durante séculos, alguns poucos escravos aprenderam a ler, em condições extremamente  adversas, ás vezes arriscando a própria vida para um aprendizado que, devido ás dificuldades,acabava levando vários anos.
Hoje, ás vésperas do século 21, o Brasil é um país em que cerca de 44  por cento das crianças de primeira série ainda são retidas no final do ano porque não conseguem  aprender a ler. E em que o tempo médio dos que conseguem finalizar o ensino fundamental é de 11,2 anos, quando deveria ser de apenas oito. Inúmeros especialistas em dificuldades de aprendizagem afirmam que pouquíssimos adolescentes e crianças possuem comprometimento cognitivo real, ou seja, não são capazes de aprender os conteúdos escolares como os outros. Então se a esmagadora maioria das crianças podem aprender, é preciso considerar que há um sério comprometimento nas práticas de ensino; ou seja a escola não está conseguindo cumprir seu mais antigo papel: ensinar a ler e escrever. É preciso socializar cada vez mais os conhecimentos disponíveis a respeito dos processos de aprendizagem: quanto melhor o professor entender o processo de construção do conhecimento, mais eficiente será seu trabalho. Afinal, ensinar de fato é fazer aprender.

Os saltos do olhar
A compreensão da leitura depende da relação entre os olhos e o cérebro, processo que há longo tempo os estudiosos procuram entender. Nas últimas três décadas houve um avanço significativo  nesse campo,mas ainda não conseguiu desvendar inteiramente a complexidade do ato de ler.
Há mais de cem anos se descobriu que, ao ler, nossos olhos não  deslizam linearmente sobre o texto impresso:eles dão salto,em uma velocidade cerca de 200 graus por segundo, três ou quatro vez por segundo. E certo que, durante esses saltos, acontece um tipo de adivinhação, pois os olhos  não estão de fato vendo tudo. O tempo de fixação dos olhos a cada vez é de cerca de 50 milésimo de  segundo e a distância entre as fixações depende da dificuldade oferecida pelo material lido.
Os que os olhos vêem depende muito do conhecimento do assunto. Quando lemos um texto  cuja  linguagem é fácil,ou cujo conteúdo é conhecido, podemos ler em silêncio até 200  palavras por minuto--- a leitura em voz alta demora mais, pois o movimento dos olhos é mais rápido que a missão das palavras.
*In Cadernos da TV E Scola-Português, MEC/SEED, 2000

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