A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem. Conforme Bossa (2007) este termo refere-se à aplicação da psicologia à pedagogia, interligando-se a vários outros interdisciplinares que compõem seu referencial teórico para prevenção e correção do seu objeto de estudo a aprendizagem humana em seus estados normais e patológicos, bem como a influência do meio como: família, escola, sociedade no seu desenvolvimento.
A Psicopedagogia tem se constituído no espaço privilegiado para pensar sobre as questões de ensino-aprendizagem. Sendo assim, está intimamente ligada ao ato de brincar, como fonte de conhecimento. Por meio de técnicas e métodos próprios o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem. O processo de aprendizagem da criança é compreendido como um processo mais abrangente, implicando componentes de vários eixos de estruturação como afetividade, cognitivo, social, cultural, entre outros.
O processo de aprendizagem, bem como suas dificuldades, deixa de focalizar somente o aluno e o professor isoladamente e passa a ser visto como um processo de interações entre ambas as partes com inúmeras variações que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo. Sendo assim, é possível constatar que uma das formas de trabalho psicopedagógico é fazendo uso do lúdico, quer seja no diagnóstico, ou no tratamento. Pois bem, segundo Bossa (2007, p. 31) “nesse trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo recorre a critérios diagnósticos no sentido de compreender a falha na aprendizagem [...]” este sendo um trabalho clínico com o seu objetivo de prevenção dos problemas de aprendizagem, assim no diagnóstico, a atividade lúdica é um rico instrumento de investigação clínica, pois permite ao sujeito expressar-se livremente, através da ação do ato de brincar, a criança constrói um espaço entre a realidade e a imaginação. Sendo assim é nas atividades lúdicas, que aprende a lidar com o mundo real, desenvolvendo suas potencialidades, incorporando valores, conceitos e conteúdos.
A utilização de brinquedos e jogos educativos como materiais pedagógicos, do ponto de vista da psicopedagogia, necessita da percepção do contexto em que se encontram inseridos, ou seja, estes instrumentos não são objetos comuns e sim objetos que trazem um saber em potencial que pode ser ou não ativado pelo aluno. Assim, são através do ato de brincar que observamos prazeres, frustrações, desejos, enfim, podemos trabalhar na construção do conhecimento. E ainda, o material pedagógico não deve ser visto como um objeto estático sempre igual para todas as crianças, pois, trata-se de um instrumento dinâmico que se altera de acordo com a imaginação do individuo, pois pode ocorrer uma reinterpretação do mundo, abrindo lugar para invenção e a produção de novos significados, saberes e práticas.
A psicopedagogia, no âmbito institucional tem sua atuação preventiva, na relação de problemas de aprendizagem, preocupando-se especialmente com a instituição educacional. Porto (2007) relata que a psicopedagogia institucional dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, tendo sua colaboração com os planos educacionais e sanitários no âmbito das organizações, e ainda auxilia no resgate da identidade da instituição com o saber mediando e resgatando o processo do ensino-aprendizagem. Portanto, inserida a esta realidade, cabe ao educador definir quais objetivos pretende alcançar, utilizando uma metodologia adequada, onde estará selecionando jogos, brincadeiras e brinquedos coerentes, buscando explorar ao máximo os conhecimentos da criança.
A psicopedagogia surgiu para responder os problemas decorrentes do processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento. A aprendizagem humana, portanto é determinada pela interação entre o indivíduo e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
No movimento de procurar entender estes aspectos é que o psicopedagogo constrói o seu trabalho, visando à diminuição dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar é nesse contexto de múltiplas interações que as atividades lúdicas são utilizadas no diagnóstico psicopedagógico, pois fazem com que as crianças revelem aspectos que não aparecem em situações mais formais do diagnóstico. Assim, a psicopedagogia visa buscar a melhoria das relações com a aprendizagem, bem como a melhoria da qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores. Fica, portanto, evidenciado a essencialidade do lúdico no trabalho psicopedagógico, tanto no aspecto clínico quanto no institucional. No próprio diagnóstico, este pode ser encarado como uma possibilidade de compreender o funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais.
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